Saiba quem é a ex-deputada flagrada com R$ 700 mil em operação que afastou governador do Tocantins
05/09/2025
(Foto: Reprodução) Valderez Castelo Branco à direita e dinheiro apreendido pela Polícia Federal à esquerda
Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social/TV Anhanguera/montagem g1
Valderez Castelo Branco foi um dos alvos de buscas na segunda fase da Operação Fames-19, da Polícia Federal. A ex-deputada estadual é citada como um dos parlamentares que encaminharam emendas parlamentares para a compra de cestas básicas durante a pandemia de Covid-19. Durante o cumprimento de mandado, os policiais apreenderam R$ 700 mil em espécie na casa dela.
A operação da Polícia Federal ocorreu na quarta-feira (3) e afastou o governador Wanderlei Barbosa (Republicanos), além da primeira-dama e Karynne Sotero Campos, que era secretária. A medida é válida por 180 dias. Enquanto isso, o vice, Laurez Moreira (PSD), assumiu a gestão estadual.
A investigação da polícia apura desvios de recursos públicos na compra das cestas básicas e frangos congelados. O prejuízo estimado é de mais de R$ 73 milhões. Durante a operação foram feitas buscas em gabinetes de deputados, na Assembleia Legislativa, e endereços de ex-deputados.
ENTENDA: Como funcionava o suposto esquema de desvio de dinheiro com a compra de cestas básicas
O governador afirmou, em nota, que recebe a decisão com respeito às instituições, mas se trata de uma "medida precipitada". A primeira-dama informou que vai se dedicar à sua defesa e que está convicta de que irá "comprovar total ausência de participação nos fatos" (veja as notas completas abaixo).
Valderez afirmou que o valor apreendido durante a operação tem origem lícita e comprovada e que "durante toda a sua vida pública, como deputada estadual e gestora, jamais utilizou recursos públicos ou de qualquer outra natureza para fins de desvio ou obtenção de vantagens ilícitas" (veja nota completa abaixo).
Quem é Valderez Castelo Branco?
Valderez Castelo Branco Martins atuava como Secretária Estadual do Trabalho e Desenvolvimento Social, mas foi exonerada do cargo na quarta-feira (3), após o governador em exercício do Tocantins, Laurez Moreira (PSD), exonerar todos os secretários do primeiro escalão da gestão estadual.
Valderez foi prefeita de Araguaína, região norte do Tocantins, em dois mandatos consecutivos, entre os anos de 2001 e 2008. Ela também ocupou o cargo de deputada estadual no período de 2014 a 2022.
Em 2023, Valderez foi nomeada Secretária Extraordinária de Participações Sociais e Políticas do Governo de Tocantins. Já em 2024, foi nomeada Secretaria Estadual Extraordinária de Ações Governamentais.
Por último, em 2025, foi nomeada Secretária Estadual do Trabalho e Desenvolvimento Social.
Polícia Federal apreende pelo menos R$ 700 mil em endereço de investigado em operação
Emendas parlamentares
Conforme investigação da Polícia Federal, o suposto esquema teria ocorrido nos anos de 2020 e 2021. Os recursos públicos desviado seriam para a compra de cestas básicas e frangos congelados, durante a pandemia de Covid-19.
A polícia identificou que o esquema teria quatro núcleos de atuação, sendo um deles o de agentes políticos, que envolvia pessoas do primeiro escalão do governo e agentes do Poder Legislativo do Tocantins, que destinavam recursos por meio de emendas parlamentares, supostamente, em troca de vantagens indevidas.
Durante as investigações, foram localizadas diversas planilhas de controle de pagamento de propina, relacionadas à duas empresas. As planilhas incluem o nome da empresa que foi feito o contrato, a quantidade de cestas básicas solicitadas e o valor da nota, além do nome do deputado responsável pela emenda.
Segundo o recorte de uma das planilhas inseridas na decisão, a ex-deputada Valderez estaria envolvida em um contrato de 3.200 cestas básicas com o valor da nota de R$ 200 mil.
Por causa dos indícios de envolvimento dos deputados, a polícia cumpriu mandados de busca contra os parlamentares que destinaram emendas, incluindo Valderez.
Deputada Valderez Castelo Branco
Ulisses Holanda/Assembleia Legislativa do Tocantins
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Operação Fames-19
Os mandados de busca e apreensão cumpridos na quarta-feira foram expedidos pelo ministro Mauro Campbell, do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Mais de 200 policiais cumpriram 51 mandados de busca e apreensão e outras medidas cautelares no Tocantins, Paraíba, Maranhão e Distrito Federal.
Segundo a decisão, são apurados os crimes de frustração ao caráter competitivo de licitação, peculato, corrupção passiva, lavagem de capitais e formação de organização criminosa.
Em agosto de 2024, Wanderlei Barbosa e a esposa foram alvos de busca na primeira fase da operação. Nessa fase, políticos e empresários estavam entre os alvos.
Durante o cumprimento das buscas na casa e no gabinete de Wanderlei, os policiais federais encontraram R$ 67,7 mil em espécie, além quantias em dólares e euros.
Segundo a apuração, foram pagos mais de R$ 97 milhões em contratos para fornecimento de cestas básicas e frangos congelados. O prejuízo aos cofres públicos é estimado em mais de R$ 73 milhões.
Íntegra da nota de Valderez Castelo Branco
A ex-deputada estadual e ex-secretária de Estado Valderez Castelo Branco vem a público esclarecer informações a respeito da Operação FAMES-19, deflagrada pela Polícia Federal, na qual foi alvo de mandados de busca e apreensão em suas residências, em Palmas e Araguaína, por determinação do ministro Mauro Campbell, do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Em relação à quantia em dinheiro apreendida, Valderez esclarece que todos os valores têm origem lícita e comprovada.
Da mesma forma, os veículos apreendidos foram regularmente adquiridos com nota fiscal, constando em suas declarações de Imposto de Renda como patrimônio legalmente adquirido. Esclarece, ainda, que os veículos pertencem à sua família.
Valderez ressalta que, durante toda a sua vida pública, como deputada estadual e gestora, jamais utilizou recursos públicos ou de qualquer outra natureza para fins de desvio ou obtenção de vantagens ilícitas. Destaca, ainda, que sempre pautou sua atuação pela ética, transparência e honestidade, trabalhando em benefício da população tocantinense.
Por fim, informa que está colaborando integralmente com as investigações e reafirma que continuará à disposição das autoridades sempre que necessário.
Íntegra da nota de Wanderlei Barbosa
Recebo a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) com respeito às instituições, mas registro que se trata de medida precipitada, adotada quando as apurações da Operação Fames-19 ainda estão em andamento, sem conclusão definitiva sobre qualquer responsabilidade da minha parte. É importante ressaltar que o pagamento das cestas básicas, objeto da investigação, ocorreu entre 2020 e 2021, ainda na gestão anterior, quando eu exercia o cargo de vice-governador e não era ordenador de despesa.
Reforço que, por minha determinação, a Procuradoria-Geral do Estado (PGE) e a Controladoria-Geral do Estado (CGE) instauraram auditoria sobre os contratos mencionados e encaminharam integralmente as informações às autoridades competentes.
Além dessa providência já em curso, acionarei os meios jurídicos necessários para reassumir o cargo de Governador do Tocantins, comprovar a legalidade dos meus atos e enfrentar essa injustiça, assegurando a estabilidade do Estado e a continuidade dos serviços à população.
Íntegra da nota de Karynne Sotero
Reitero meu respeito à decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e às instituições, ressaltando que irei dedicar-me plenamente à minha defesa, convicta de que conseguirei comprovar minha total ausência de participação nos fatos que estão sendo apontados.
Desejo que tudo seja esclarecido e reestabelecido com brevidade e justiça, pelo bem do povo tocantinense, a quem dedico meu trabalho e compromisso.
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